Redes sociais podem ser as culpadas pela queda de autoestima; saiba como recuperá-la

A falta de autoestima é um problema recorrente entre as mulheres. Em um estudo conduzido pela Dove em âmbito global, 54% das entrevistadas concordaram que elas mesmas são as que mais se criticam. Além disso, apenas 4% delas se consideravam bonitas no momento da pesquisa. 

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Em uma pesquisa feita pela IstoÉ com 710 mulheres de 18 a 55 anos, os resultados foram similares: 36% das entrevistadas revelaram ter a autoestima baixa, seguidas por 53% com a autoestima “mais ou menos” e apenas 11% que consideraram-na alta. Quando questionadas, em uma questão de múltipla escolha, sobre o que seria autoestima, “me sentir bonita” foi a resposta mais comum entre as participantes, com 77,8%.

Para Fabiola Luciano, psicóloga especialista em Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) pela Universidade de São Paulo (USP), esses resultados se devem ao “viés tendencioso e simplista” atribuído ao conceito de autoestima ao longo dos anos. “Começamos a criar a ideia de que autoestima está relacionada a fatores externos: estética, beleza, magreza”, explica, esclarecendo por que tantas mulheres consideram não ter sua autoestima consolidada positivamente. 

A especialista atenta para o conceito real da palavra: “A autoestima positiva fala muito sobre a forma como nos vemos na integralidade. Como eu me vejo como ser humano, nos papéis sociais que eu desempenho? Nas minhas habilidades, na minha personalidade, nos meus valores? Tudo isso reflete autoestima, não apenas como eu me sinto com o meu corpo.”

Fatores que afetam a autoestima das mulheres

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41,7% das participantes afirmaram que ser comparadas — ou comparar-se — com outras mulheres é o que mais afeta sua autoestima. Fabiola explica: “O ser humano tem uma tendência muito autodepreciativa. Por mais que vejamos pontos positivos em nós mesmos, a nossa tendência em olhar para o que falta é muito grande.” 

A pesquisa também mostrou que a internet contribui para aumentar a autocomparação e diminuir a autoconfiança das mulheres: 8,4% das entrevistadas responderam que navegar nas redes sociais afeta sua autoestima. Isso porque os algoritmos de redes sociais tendem a exibir conteúdos cada vez mais específicos conforme as preferências de cada usuário, o que é contextualizado pela psicóloga: “Nós criamos e sustentamos padrões extremamente irreais, e as redes sociais te jogam tudo aquilo que você quer ver. Em um momento, você está cercada pelo que gostaria que fosse a realidade, e acaba esquecendo que existem pessoas reais.”

Ela ainda observa que, após algum tempo consumindo conteúdos relacionados a padrão de beleza e estilo de vida, muitas internautas podem se sentir “inadequadas”. “Parece que aquele pequeno recorte representa a realidade”, pontua. 

Outros resultados apontados como “destruidores de autoestima” incluem “Subir na balança” (20,4%) e “Fracassar no trabalho ou nos estudos” (19%).

Autoestima e felicidade

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Apesar de a maioria das participantes relacionar autoestima principalmente à beleza física, ao serem perguntadas sobre qual seria o momento em que sua autoestima estaria mais alta, 34,1% responderam que é quando estão felizes.

“As pessoas relacionam a autoestima à parte externa, porque isso já está no imaginário coletivo. Mas, quando você muda o direcionador da pergunta, e elas precisam entrar em contato com seu processo interno, essa resposta não se mantém”, observa Fabiola. “A autoestima envolve a minha visão global, como eu me vejo em todos os aspectos do meu ser. Conectar-se comigo mesma tem muito mais efeito do que projetar uma imagem. Por trás da imagem, muitas vezes, eu posso estar internamente ‘arrebentada’”, assume. Isso significa que o amor próprio, muitas vezes, deriva da felicidade — e vice-versa. 

Como fortalecer a autoestima

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Para afastar a autodepreciação e consolidar o amor próprio, a palavra-chave indicada por Fabiola é compaixão. “Sem ela, a gente sempre vai olhar para o que falta, e quando preenchermos uma necessidade, outra surgirá”, diz. Ela recomenda que se observe o que te desvia do caminho da autoaceitação — são as redes sociais, algumas companhias, ambientes específicos? — e que se afaste o máximo possível desses fatores. 

Além disso, observe sua individualidade: “Ver o que é que você gosta em você, quais são os aspectos seus de personalidade, temperamento, comportamento, de papéis sociais que você desenvolve. Você gosta do que encontra, além da beleza física?”, questiona a especialista. 

Fabiola constata que lidar com as próprias “imperfeições” de forma positiva traz a autoestima elevada como uma consequência. “Não podemos esperar a perfeição para nos sentirmos bem. Podemos trabalhar em pontos de melhoria, mas devemos encontrar amor próprio nesse caminho, e não esperar que ele seja reta final”, finaliza.

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